sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010
M A N I F E S T O Auto Móvel
MOVIMENTO ARTISTICO
UNIDADE 2022, a regurgitação do moderno
MANIFESTO AUTO MÓVEIS pratico
Materiais/suporte
Envelope
Lata de spray
Estêncil da palavra PÚBLICO
Carros
Práxis
Aplicar o estêncil da palavra PÚBLICO e fazer um grande ponto de interrogação em carros que estiverem nas ruas. O ponto de interrogação ultrapassará áreas especificas do carro como portas, capo, teto ... etc. Após realizar tal ação fotografar o veiculo.
Organicidade
O manifesto deverá ser reproduzido e repassado a uma ou mais pessoas.
Deverá conter:
1 envelope
1 lata de spray
1 estêncil da palavra PÚBLICO
O manifesto impresso
Dissipação
Assim que receber o MANIFESTO AUTO MÓVEIS e realizar a primeira intervenção, você deverá repassar o material. Não o mesmo que recebeu, mas outro igualmente reproduzido. Contendo os mesmos materiais que ganhou.
Aplique o estêncil em um maior numero de carros possível, até a lata de spray acabar. Registre o trabalho final no suporte fotográfico e envie-o por email para o maior número de conhecidos. Não se identifique como autor. Caso contrário poderá ir preso.
ATENÇÃO
Jamais mencione como ou quem lhe deu esse presente.
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Manifesto
Auto Móvel
O modelo desenvolvimentista adotado pelo Brasil alterou a forma e comportamento dos cidadãos de maneira substanciosa de modo que o reflexo dessa escolha e o acúmulo material trouxeram a quase impossibilidade de viver nas metrópoles brasileiras. O carro é o símbolo e produto do processo que devemos transformar, usando-o como meio para nos por a pensar sobre sua viabilidade, simbologia e valor de uso, fazendo-o como ponto de questionamento e objeto da práxis.
O Manifesto Auto Móvel vem para questionar esse objeto que perdeu sua capacidade de locomoção quando, pela irracionalidade econômica, produziram-se milhões de veículos que superlotam e congestionam nossas vias de acesso poluindo nosso meio ambiente e matando milhares de vidas todos os anos em nosso território. Por que continuar com essa indústria? Por que produzir mais carros se não há mais espaço para se locomoverem? Por que continuar a construir essas máquinas que matam e poluem? Por que continuar quando o principal motivo de sua existência perdeu-se na cobiça e acefalia dos industriários transnacionais do século passado?
O Manifesto Auto Móvel nasceu a partir da irracionalidade moderna travestida de cobiça e poluição e tem, como principal foco, o questionamento sobre o objeto carro. É a moral urbana que questionamos quando cada individuo sustenta e legitima o meio de transporte que entra em colapso nesse começo do século por conta da crise mundial financeira, pela inviabilidade locomotiva que há muito esta longe de ser resolvida dentro de nossas cidades e metrópoles e, principalmente, pelo modelo insustentável ambientalmente.
Desde sua invenção o processo de produção causou conseqüências drásticas ao meio ambiente e ao homem. Ao longo de sua historia o homem esteve subalterno ao objeto. Do modelo fordista de produção ou taylorismo de gerenciamento ambos aprisionaram o homem à máquina.
Queremos aqui, além da radical oposição ao objeto, propor alternativas que possibilitem a melhoria de vida de todos os munícipes e metropolitanos. Romper com a indústria automobilística nesse período de crise financeira mundial na qual vemos as maiores e mais importantes montadoras ruir e sucessivamente consumir bilhões de dólares para não chegar ao seu fim. É assumir e ter a honestidade para com o povo de que o projeto adotado pelo Brasil nas décadas de 50/60 não deu certo, não nos melhorou a vida.
Construir um país para carros não nos trouxe o tão famigerado progresso. O que fizemos foi gastar grande riqueza em subsídios para que empresas construíssem aqui montadoras que sempre exploraram a mão de obra de nossos trabalhadores e remetessem toda a riqueza para seus paises de origem. O que fizemos foi construir milhares de quilômetros de asfalto, ignorando sumariamente outros meios de transportes, e agredir o meio ambiente por onde quer que passasse um carro. O Brasil é um país cheio de rios, todos sabemos. Sabemos também que a ferrovia é um ótimo meio de transporte, mas optamos por um modelo calcado em interesses políticos e econômicos e todos nós pagamos o preço ainda hoje. Hoje também vemos seu colapso. Sua incapacidade de locomoção quando analisado custo beneficio e comparado com outros meios de transporte. Nossa comida está cada vez mais cara.
Quando aceitamos esse modelo estávamos todos embebidos em uma estética falaciosa que fora introduzida como principio do que é bom e moderno pelos nossos próprios artistas, intelectuais, jornalistas, juristas e, por fim, políticos. A conseqüência e desdobramento ocorreram nas décadas seguintes. Os problemas restam a nós, de hoje. Pagamos muito caro por uma mentira contada enquanto nos entupiam de bossa nova e televisão. Disseram que tudo aquilo era o progresso, que era para a melhoria do país, do povo. Pegaram todo nosso dinheiro, o que tínhamos e o que não tínhamos. Contraíram dividas que duas, três gerações de jovens sacrificaram-se para pagar. Construíram, também sob ditadura, linhas que rasgaram nosso chão com o mais caro material para que alguns, os que possuíam o carro, se locomovessem de um ponto ao outro. Diziam que aquilo era liberdade, era para a liberdade. Que liberdade? De quem? Enquanto uma massa de homens e mulheres eram deslocados para o centro-oeste do país para construir a nova capital, a maravilha moderna chegava e era consumida por poucos. Com sentido único de controle. Como até hoje em dia. Aliado a isso, nossa NÃO distribuição de renda alimenta ainda mais esse sonho mentiroso de ter liberdade quando comprado um carro. É o motor que gira a máquina que exclui muitos, para que alguns possam usufruir de luxuosos bens e conforto.
Nossa proposta vem quando observado, por exemplo, que o Estado cobra IPVA daquilo que já foi pago pelo individuo, um imposto para locomoção. O individuo compra o carro e o Estado o taxa com uma quantia sobre sua posse e em contrapartida oferece vias satisfatórias para locomoção e segurança. Isso, ainda que fosse verdade seria injustiça.
Quando observado sob outra perspectiva, a do individuo proprietário, vemos um ser envaidecido pelo modelo/marca que conseguiu comprar. Não questionaremos aqui o acúmulo de tal capital para a aquisição de carros que ultrapassam o valor de mais de 100 mil dólares, por exemplo. Sabemos todos que isso só é possível porque em nosso país o Estado é inexistente para políticas de distribuição de renda. O que levantaremos como questão está na alienação de consumo quando esse mesmo individuo paga uma maior parte do valor total do bem em impostos e não tem garantias básicas de segurança. Criando assim um ciclo catatônico entre ambos. Individuo e Estado enganam-se e escondem?se atrás de blindados, seja por meio do material vidro ou pelo panoptismo arquitetônico.
O Manifesto Auto Móvel vem para promover e fomentar a crise em segurança sobre a real propriedade privada e questionar o falacioso modelo vigente e a estrutura da política de transporte para as metrópoles. Queremos algo que sirva a todos. Não pacotes bilionários para salvar uma economia que não atende mais as reais exigências da nova sociedade.
Os carros devem ser públicos assim como todo veículo sobre roda que usa vias publicas para se locomover. A estatização deve ocorrer para diminuir a frota e resolver o problema primário de espaço. Não há mais espaço para carros nessa metrópole São Paulo! Onde estão as arvores? O único interesse que deveria existir nesse bem é o de locomoção e isso só será resgatado quando criado o hábito de seu uso coletivo e quebrado o apego material.
Para que nossas metrópoles não parem instauremos uma nova relação entre individuo e máquina. O Manifesto Auto Móvel vem para ajudar nesse processo. A revolução se dará pela relação entre nós e o objeto. Um carro só serve para nos locomover e assim será. E quando o principio básico de sua criação é subvertido pelo fetiche, algo está errado. Interesses individuais não podem se sobrepor aos interesses do coletivo.
Por isso, buscamos uma saída ao propor uma intervenção prática diante desta realidade exposta: a pichação de todos os carros que estiverem em vias públicas com a palavra PÚBLICO e um grande ponto de interrogação, para começar. Isto na tentativa de instaurar um novo modelo de transporte e frear o consumo por máquinas que não significam liberdade, mas o contrário. Nossa estética é urbana e produto de muito CO2 liberado por 60 anos de poluição irrestrita. Vamos devolver o lixo em cima de vocês.
Quando o Estado não faz seu papel de regular, nós, o povo, o faremos e isso chama-se REVOLUÇÃO. Por carros estatais, por carros sustentáveis e, principalmente, por menos carros.
UNIDADE 2022, a regurgitação do moderno
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