segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Manifestação em SP começou após reunião com Habitação; secretaria condena protesto


A manifestação que bloqueou a marginal Pinheiros no fim da tarde desta segunda-feira teve início após reunião entre moradores da favela Real Parque (zona oeste de São Paulo) e a Secretaria Municipal de Habitação. Em nota, a prefeitura diz condenar "veementemente" o que chamou de "ação de um pequeno grupo de radicais".


Na reunião, técnicos da Prefeitura de São Paulo afirmaram que seria pago auxílio aluguel no valor de R$ 400 por mês durante quatro meses. Os profissionais também disseram que a maioria dos moradores receberia um ofício, chamado compromisso habitacional, pelo qual a família tem a garantia de ser atendida "em moradia definitiva no futuro".

A revolta dos moradores se deu porque a prefeitura informou que apenas as vítimas que constarem do cadastro original de 1.131 famílias da favela, feito em 2008, terão direito ao documento. As famílias que foram atendidas após o incêndio de sexta-feira (24), mas não comprovarem residência no local --com o nome no cadastro-- serão analisadas posteriormente e não receberão o compromisso habitacional.

Segundo a prefeitura, "uma pequena parcela" dos moradores não aceitou a decisão. "A Secretaria Municipal de Habitação não pode admitir que ninguém fure a fila de atendimento", informou a nota.

Ainda de acordo com o texto divulgado pela secretaria, foi explicado também que o auxílio aluguel seria estendido até que as moradias do programa de urbanização do Real Parque, que prevê a construção de 1.200 unidades habitacionais, fosse concluído.

A Secretaria de Habitação diz que atuou nos últimos seis meses na formação do conselho gestor do Real Parque para garantir a participação da população local nas decisões do programa de urbanização. O contrato para a construção dos 1.200 apartamentos deve ser assinado nos próximos dias, segundo a prefeitura. A previsão é que a obra dure 18 meses e terá recursos garantidos pela Operação Urbana Faria Lima.

No incêndio de sexta-feira, o fogo consumiu de 2.500 a 3.000 metros quadrados. Aproximadamente 340 casas teriam sido atingidas, segundo levantamento prévio da Subprefeitura do Butantã (zona oeste de SP).

A Folha tenta localizar os moradores que participaram da manifestação, mas até o momento ninguém quis comentar o assunto.

PROTESTO

A manifestação teve início por volta das 17h50. Moradores da favela Real Parque montaram --no fim da tarde de hoje-- barricadas com fogo e interditaram as pistas expressa e local da via.

Um ônibus da empresa Consórcio 7 foi abordado por cerca de 50 pessoas que exigiram que o motorista manobrasse e fechasse a marginal Pinheiros com o veículo. Eles atiraram um butijão de gás contra o para-brisa do ônibus.

De acordo com o motorista, que se identificou apenas como Marcos, os manifestantes exigiram que todos os passageiros saíssem do ônibus. Em seguida, colocaram fogo em madeira, pneus e móveis velhos.

O motorista afirmou que o grupo não estava armado, mas que carregava pedaços de pau e tijolos, além do butijão. "Eles gritavam que queriam suas casas de volta", disse.

A PM usou bombas de efeito moral para dispersar o grupo. Motos e carros da força tática da PM, além de equipes do Corpo de Bombeiros foram para o local. Segundo informações da PM, o policiamento foi reforçado na região porque pessoas poderiam se aproveitar da manifestação para assaltar motoristas.

A lentidão na marginal atingiu 8 km devido à interdição. Às 20h20 as pistas expressa e local e o acesso à ponte Octávio Frias de Oliveira (ponte Estaiada) foram liberadas.

Por volta das 21h50, a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) não registrava mais lentidão na via.

A Polícia Militar informou às 22h10 que continua no local do protesto, mas não soube informar se há feridos e presos.

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